Se o Brasil agir com desespero, pode entrar numa aventura sem volta

Jul 29, 2025 - 15:00
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Se o Brasil agir com desespero, pode entrar numa aventura sem volta


As piores decisões são tomadas nos momentos de desespero. O Brasil está vivendo um drama sem precedentes nesse embate com os Estados Unidos. O governo se mostra pressionado e precisa agir. Se as exigências americanas fossem apenas comerciais, uma boa conversa na mesa de negociações poderia resolver a questão. Infelizmente, não são.

Os outros países já negociaram

Foram 25 países ameaçados com aumento de taxas. A maioria já fez os acertos para seguir em frente. A União Europeia, por exemplo, embora a tarifa sobre aço e alumínio tenha permanecido em 50%, obteve redução de 30% para 15% em outros produtos. Além disso, firmou acordos envolvendo investimentos, energia e equipamentos militares.

A situação brasileira é mais complexa por envolver questões políticas. Para que o diálogo tenha início, os Estados Unidos exigem concessões que, no momento, o governo não demonstra disposição para atender. Na pauta americana estão temas delicados que mexem com as instituições do país.

Pontos sensíveis

Entre os principais pontos estão o fim da escalada autoritária, a interrupção da perseguição a opositores, a garantia de não interferência nas eleições e o fim das restrições ao funcionamento das Big Techs. Também não abrem mão do encerramento dos processos contra Bolsonaro e do respeito à liberdade de expressão e ao devido processo legal.

Esse tipo de rendição fere, sem dúvida, o orgulho da soberania nacional. Mas a pressão é tão intensa que, para salvar o dedo, o país talvez tenha de ceder os anéis. Ainda que o governo tente transmitir serenidade, todos sabem que a situação é aflitiva.

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Caminhos perigosos no radar

Se Lula optar por saídas arriscadas, poderá afundar o país de forma irreversível. Tomara que não esteja no horizonte uma alternativa que, em vez de trazer paz e estabilidade, arraste o Brasil para um isolamento danoso. Há governistas que torcem por essa rota de escape, mas ela tem tudo para se tornar um erro de grandes proporções.

O tarifaço se aproxima

O dia 1º de agosto está logo aí para o início do tarifaço. Além do cancelamento dos vistos de oito dos onze ministros do STF, há informações de que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e o delegado Fábio Shor também foram incluídos. Todos com seus familiares. Um drama.

Os motivos do tarifaço

O secretário de Estado, Marco Rubio, já declarou que os EUA estudam aplicar a Lei Global Magnitsky contra Alexandre de Moraes. Especialistas afirmam que a sanção equivale a uma “morte financeira”, pois impede qualquer relação com instituições ligadas ao sistema americano.

O Brasil não obteve sucesso na busca por diálogo. Foram cerca de dez tentativas de aproximação, sem respostas dos americanos. Alckmin, segundo Lula o “melhor conversador” do governo, enviou cartas e buscou canais diplomáticos, mas o grupo de Trump ignorou os esforços. A embaixadora Maria Luiza Viotti tentou contato direto com o Departamento de Estado e ouviu um seco “too late” (tarde demais).

Lula continua jogando gasolina na fogueira

No meio disso tudo está Lula, que, em vez de desarmar o embate, o acirra. Já declarou que Trump “pensa que é imperador do mundo” e que “se fizesse no Brasil o que fez no Capitólio, poderia ser preso”. Que diplomacia é essa?

Falta de opções aumenta o risco

Os caminhos parecem fechados. De um lado, o abismo; do outro, a fogueira. E agora? Adotar tarifas retaliatórias? Insistir no diálogo? Fingir-se de morto? Em disputas assim, o mais fraco tende a perder. A ausência de alternativas torna tudo ainda mais perigoso.

A solução chinesa

O Banco Master foi o primeiro da América Latina a aderir ao CIPS (sistema de pagamentos interbancários chinês). O UnionPay, bandeira chinesa, se prepara para operar crédito no Brasil. Esses canais, alternativos ao SWIFT, Visa e Mastercard, podem parecer uma rota de sobrevivência para os sancionados.

Na teoria, o país ganharia estruturas financeiras menos vulneráveis a bloqueios, mantendo cartões, transações e ativos fora do controle americano.

Mas o custo seria alto

Tomara que o governo não escolha essa saída. A adoção dessas plataformas implicaria uma ruptura com os Estados Unidos, ainda que apresentada, de forma equivocada, como soberania financeira. E Trump, certamente, já mapeou essa movimentação.

Ele poderia ampliar as sanções, atingir bancos e fintechs brasileiras, pressionar aliados contra o uso do CIPS e levar o tema a fóruns como OMC e G7 para isolar ainda mais o Brasil. Ou seja, o que está ruim poderia piorar muito.

Improviso não resolve crise internacional

Como o desespero raramente é bom conselheiro, seria desejável que vozes sensatas se levantem com propostas equilibradas. Na base do improviso, o risco de dar errado é quase de dez para dez. Siga pelo Instagram: @polito

 

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