Tailândia e Camboja concordam com cessar-fogo, diz premiê da Malásia

A Tailândia e o Camboja concordaram com um “cessar-fogo imediato e incondicional” a partir da meia-noite no horário local (13h em Brasília), disse o primeiro-ministro malaio, Anwar Ibrahim, nesta segunda-feira (28), após dias de confrontos na fronteira disputada entre os dois países.

Os países convocarão uma reunião de comandantes regionais dos lados cambojano e tailandês na terça-feira, 29 de julho, segundo a Malásia, que mediou as negociações de paz.

O primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, e o primeiro-ministro tailandês em exercício, Phumtham Wechayachai, se encontraram na residência oficial do premiê em Putrajaya, ao sul da capital da Malásia, Kuala Lumpur.

Os dois lados se acusaram mutuamente de iniciar o mais recente conflito e pelos ataques na região de fronteira, que já mataram pelo menos 35 pessoas, feriram mais de 200 e deslocaram mais de cem mil, segundo dados de autoridades tailandesas e cambojanas.

Os líderes indicaram que os combates cessarão imediatamente, mesmo com a continuação dos confrontos poucas horas antes das negociações de paz.

Autoridades cambojanas acusaram a Tailândia de atacar pelo menos dois locais nas primeiras horas desta manhã, enquanto o exército tailandês afirmou que confrontos estavam ocorrendo em três províncias na manhã desta segunda-feira.

A disputa pela fronteira remonta há décadas.

Entenda o conflito entre Tailândia e Camboja

Tailândia e Camboja têm mantido uma relação complexa de cooperação e rivalidade nas últimas décadas.

Os países compartilham uma fronteira terrestre de 817 km. A demarcação foi feita pela França, que controlava o Camboja como colônia.

A divisão resultou em uma disputa antiga que envolve áreas onde ficam locais históricos e templos, que os dois países reivindicam propriedade.

O Camboja já havia buscado uma decisão da Corte Internacional de Justiça da ONU sobre áreas em disputa, incluindo o local do confronto mais recente.

Mas a Tailândia não reconhece a jurisdição da CIJ e alega que algumas áreas ao longo da fronteira nunca foram totalmente demarcadas, incluindo os locais de vários templos antigos.

Em 2011, tropas tailandesas e cambojanas entraram em confronto em uma área próxima ao templo Preah Vihear, do século XI, patrimônio mundial da Unesco, deslocando milhares de pessoas de ambos os lados e matando pelo menos 20.