Sem verba, FAB só tem combustível para jatinhos até 3 de agosto

Os aviões de transporte especial da FAB (Força Aérea Brasileira) usados por autoridades enfrentam risco de paralisação por falta de combustível. Somente 3 dos 10 jatinhos ainda em operação têm querosene até 3 de agosto, segundo apuração do Poder360.
A informação de que 7 jatinhos da FAB estão sem voar foi antecipada na 2ª edição do Drive, a newsletter premium para assinantes do Poder360, enviada às 12h20 de 2ª feira (21.jul.2025). A interrupção dos voos se deve à escassez de verbas para abastecimento e manutenção da frota.
Conforme apurou o Poder360, o ministro da Defesa, José Múcio, tenta desde novembro de 2024 recompor o orçamento destinado à FAB.
Em nota enviada a este jornal digital, a FAB confirmou que foi atingida por um contingenciamento orçamentário de R$ 812,2 milhões, que faz parte de um bloqueio maior, de R$ 2,6 bilhões, imposto ao Ministério da Defesa. Do total bloqueado para a Aeronáutica, R$ 483,4 milhões foram cortados de despesas discricionárias e R$ 328,8 milhões de projetos estratégicos.
Em 22 de julho, a equipe econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descongelou R$ 20,6 bilhões do Orçamento Federal de 2025. Com isso, esses recursos podem ficar disponíveis para uso. A informação consta no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do 3º bimestre. Leia a íntegra (PDF – 417 kB)
Com a reabertura orçamentária, há possibilidade de a FAB receber recursos adicionais para manter suas operações. O detalhamento sobre quanto cada órgão poderá usar só será divulgado até 30 de julho.
A FAB afirmou que houve “impacto severo” nas atividades operacionais, logísticas e administrativas da corporação. Sobre os projetos estratégicos, a Aeronáutica indicou que os cortes exigirão ajustes contratuais que podem atrasar entregas de aeronaves.
Eis a íntegra da nota da Força Aérea Brasileira:
“A Força Aérea Brasileira (FAB) informa que o Decreto n° 12.447, de 30 de maio de 2025, determinou a contenção de cerca de R$ 2,6 bilhões ao atual orçamento do Ministério da Defesa. Desse total, coube ao Comando da Aeronáutica (COMAER) a contenção de R$ 812,2 milhões, dos quais R$ 483,4 milhões em despesas discricionárias e R$ 328,8 milhões em projetos estratégicos.
No tocante às despesas discricionárias, foram estabelecidos critérios, métodos e premissas para a definição das ações orçamentárias cujas atividades e projetos seriam afetados. Dentro das possibilidades de absorção dos valores conforme a classificação orçamentária, foram priorizadas despesas discricionárias que dão suporte orçamentário para a execução de determinadas atividades, e também para compromissos já assumidos, em detrimento de outras áreas. Contudo, considerando o alto valor dos bloqueios e dos contingenciamentos estabelecidos, e o fato de essas contenções terem sido estabelecidas restando sete meses do atual exercício, houve impactos severos em praticamente todas as atividades, desde as operacionais, até as logísticas e administrativas.
No que diz respeito aos projetos estratégicos, a redução de 17% do valor da LOA irá requerer ajustes contratuais, a fim de mitigar impactos nos cronogramas de entregas das aeronaves.”
O Poder360 também procurou o Ministério da Defesa e a Presidência por meio de e-mail, telefone e aplicativo de mensagens para perguntar se gostariam de se manifestar a respeito da falta de orçamento para abastecer os aviões de transporte especial da FAB. Não houve resposta até a publicação desta reportagem.
O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada a este jornal digital.
Autoridades nos aviões da FAB
A utilização dos jatos da FAB por autoridades segue uma ordem de precedência estabelecida por lei e publicada no Diário Oficial da União. Eis a íntegra do decreto nº 10.267, de 5 de março de 2020 (PDF – 147 KB)
Têm prioridade, nesta ordem:
- o vice-presidente da República;
- os presidentes do Senado, da Câmara e do Supremo Tribunal Federal;
- os ministros de Estado;
- os comandantes das Forças Armadas e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas.
O ministro da Defesa também pode autorizar o transporte de outras autoridades, nacionais ou estrangeiras.
Qual é a sua reação?






