Conselho Popular do Brics pede taxação de super-ricos

O Conselho Popular do Brics encaminhou um Caderno de Recomendações aos líderes que participam da Cúpula do Brics no Rio neste domingo (6.jul) e na 2ª feira (7.jul). O grupo se reuniu presencialmente nos dias 4 e 5 de julho, e elaborou sugestões sobre saúde, educação, ecologia, cultura, finanças, soberania digital e arcabouço institucional. Leia a íntegra das propostas (PDF – 779 kB).
As principais recomendações do fórum foram:
- taxação de “indivíduos com alto patrimônio líquido”;
- realização de reformas tributárias globais;
- acesso universal à saúde;
- ampliação do uso de moedas nacionais em transações do Brics;
- reforma na governança do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
Entre outros temas, também defendem o controle de paraísos fiscais. O conselho afirma que o Brics deve assumir um papel mais ativo na construção de uma nova ordem internacional, embasada na multipolaridade e justiça social, com autodeterminação do Sul Global.
Formado por líderes sociais dos 11 países integrantes do bloco, o conselho foi reconhecido formalmente pela Declaração de Kazan, de 2024. Os fóruns civis que deram origem ao grupo ocorrem desde 2015, mas a reunião de julho de 2025 foi a 1ª sessão presencial. O grupo deve se encontrar novamente em uma conferência ampliada em outubro deste ano em Salvador.
“O que vamos dizer a eles é que a cooperação tem que passar necessariamente por organizações da sociedade civil. Porque os governos vão aproveitar da grande política, os grandes temas da conjuntura, porém, nós precisamos construir canais mais concretos de cooperação tecnológica, de cooperação cultural, e isso só poderá ser feito pelos povos”, afirmou João Pedro Stédile, líder nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra). Ele é um dos representantes do Brasil no Conselho.
O envio do Caderno de Recomendações também marca a 1ª vez que os movimentos sociais tiveram espaço oficial para interagir com os chefes de Estado. “É o engajamento civil, o envolvimento popular, que dá sustentação a todos os debates. Isso é, de fato, um produto muito importante do nosso tempo, um verdadeiro filho do nosso esforço coletivo”, declarou Victoria Panova, representante russa do Conselho.
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Assista ao vídeo e saiba o que é o Brics (3min36s):
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