“Nem União Soviética” faria o que Trump tem feito com Brasil, diz Celso Amorim ao FT

Jul 27, 2025 - 13:00
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“Nem União Soviética” faria o que Trump tem feito com Brasil, diz Celso Amorim ao FT

Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, Celso Amorim, assessor especial para Assuntos Internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sinalizou que o Brasil reforçará seu compromisso com o bloco Brics, medida esta que desafia as ameaças do presidente americano, Donald Trump, de impor tarifas punitivas.

Trump criticou o Brasil duas vezes neste mês. Enquanto o país sediava uma cúpula dos 11 membros do Brics, ele ameaçou uma tarifa de 10% contra qualquer nação que se “alinhasse” ao bloco “antiamericano”. Trump então prometeu taxas de 50% sobre as exportações do Brasil e disse que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de planejar um golpe, fosse encerrado imediatamente.

Para Celso Amorim, principal assessor de relações exteriores do presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, disse ao Financial Times que esses ataques “estão reforçando nossas relações com os Brics, porque queremos ter relações diversificadas e não depender de nenhum país”.

Além dos Brics — que incluem China, Rússia e Índia — Amorim disse que o Brasil buscaria fortalecer as relações com outros países da Europa, América do Sul e Ásia.

A tarifa de 50% está entre as mais altas mencionadas pelo presidente dos EUA em sua atual rodada de negociações, apesar do Brasil apresentar um déficit comercial com os EUA em produtos — ao contrário de muitos outros países alvos. Trump também criticou duramente o governo Lula pelo que chamou de ataques à liberdade de expressão, um “regime de censura ridículo” e práticas comerciais “muito injustas”.

Amorim disse que a interferência de Trump nos assuntos internos do Brasil era algo não visto “nem mesmo na época colonial”. “Não acho que nem a União Soviética teria feito algo assim”, disse ele, acrescentando que Trump “estava tentando agir politicamente dentro [do Brasil] em favor de seu amigo”.

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Embora a China seja o maior parceiro comercial do país, importando US$ 94 bilhões, principalmente em produtos agrícolas e minerais, do Brasil no ano passado, Amorim disse que “não é nossa intenção” que Pequim seja a clara vencedora das tarifas mais altas de Trump.

Amorim negou que o Brics seja ideológico. Além disso, o assessor também pediu que a União Europeia (UE) ratifique rapidamente o tratado comercial com o Mercosul, defendendo que isso traria ganhos econômicos e geopolíticos, citando também o interesse do Canadá em firmar acordos com o Brasil.

Lembrando a máxima diplomática de que “países não têm amigos, apenas interesses”, Amorim disse que Trump era um caso incomum porque ele “não tinha amigos nem interesses, apenas desejos”. A abordagem do presidente dos EUA é “uma ilustração de poder absoluto”, disse ele.

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