Tornozeleira eletrônica no líder golpista Bolsonaro aumentou ainda mais o desespero dos falsos patriotas


Tem sido chocante assistir às cenas de sabujismo explícito que o bolsonarismo tem demonstrado nas últimas semanas. É para embrulhar o estômago de qualquer brasileiro que tenha um pingo de dignidade. Não que a sabujice bolsonarista seja uma novidade, mas é que a coisa chegou em um nível em que os limites do surrealismo estão sendo testados. Os autodenominados patriotas odeiam o Brasil e o povo brasileiro. A pátria dessa gente se chama Família Bolsonaro.
Como se já não bastasse Jair Bolsonaro bater continência para a bandeira dos EUA e dizer “I love you” para Donald Trump, agora temos deputados bolsonaristas estendendo a “Trump, Make America Great Again” dentro da Câmara dos Deputados.
Sim, chegamos ao cúmulo de ver parlamentares brasileiros louvando o presidente americano justamente no momento em que ele está chantageando o estado brasileiro, enquanto os Bolsonaros encostam a ponta da faca no pescoço da justiça brasileira. Duas máfias de extrema direita estão atuando conjuntamente para saquear o Brasil, livrar criminosos golpistas da cadeia e fragilizar a democracia no país.
O bandeiraço pró-Trump na Câmara foi um protesto dos bolsonaristas contra a decisão do presidente Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba, de vetar as sessões em que fariam homenagens a Jair Bolsonaro. Tanto ele quanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, do União Brasil do Amapá, que andavam coladinhos com o bolsonarismo, agora estão querendo se descolar dele. Os ventos mudaram no Congresso depois que as pesquisas de opinião demonstraram que a maioria do povo brasileiro rejeita essa viralatice complexada.
Até pouco tempo, o Centrão estava jogando duro com o governo e ameaçando entregar ministérios para fechar de vez com o bolsonarismo faltando um ano para as eleições presidenciais. Tudo indicava que Lula chegaria enfraquecido para a disputa eleitoral, mas a treta do IOF e os ataques de Trump deram para o governo o papel de guardião dos mais pobres e da soberania nacional.
Vendo os furos da barca bolsonarista aumentarem, o Centrão ensaia pular fora. O agronegócio e boa parte das elites produtivas também já deixaram claro que, desta vez, não embarcarão na aventura da gangue golpista liderada pela família Bolsonaro. Há quem tolere o fascismo, o golpe de estado, mas não tolera perder dinheiro.
O entreguismo que a família Bolsonaro tem demonstrado no episódio do tarifaço tem sido rejeitado. Apenas os mais fanatizados da seita continuam segurando a mão do bolsonarismo, mas esses são um caso perdido — eles continuariam apoiando Bolsonaro mesmo se ele atropelasse uma velhinha e fugisse sem prestar socorro.
No mesmo dia em que bolsonaristas levantaram bandeira de Trump na Câmara, uma pesquisa Ipespe mostrou um aumento da rejeição que o povo brasileiro tem pelo presidente norte-americano. Ela passou de 55%, em maio, para 61% em julho, quando o tarifaço foi anunciado. Para 53% dos brasileiros, a proximidade com Trump prejudicará candidatos à presidência nas próximas eleições.
Além disso, o levantamento indicou que 57% discordam da revogação dos vistos de entrada de ministros do STF nos EUA e que 55% concordam com a ideia de Lula de taxar as big techs. A família Bolsonaro nunca se queimou tanto. A postura de Jair e Eduardo no tarifaço é desaprovada por 60% e 59%, respectivamente.
Até mesmo Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e que estava apoiando efusivamente as insanidades de Jair, Eduardo e Trump, percebeu logo o buraco em que estava se enfiando e tirou seu time de campo. Na última semana, ele tem se recusado a dançar a música que o bolsonarismo colocou para tocar e tem mergulhado em uma agenda positiva para divulgar ações do seu governo.
Claro, São Paulo será o estado mais prejudicado pela “punição” que Trump combinou com o bolsonarismo. Nas redes sociais, Tarcísio não aparece defendendo Trump, atacando o STF e dizendo que a democracia acabou no país. No X, por exemplo, o governador paulista não faz uma publicação sobre o tarifaço desde 18 de julho. Ninguém que tenha dois neurônios e pretensão eleitoral vai querer aparecer na foto do entreguismo faltando um ano para uma eleição nacional.
Mesmo cada vez mais isolados, os bolsonaristas intensificaram os ataques ao STF na última semana. A tornozeleira eletrônica no pé do líder golpista aumentou ainda mais o desespero que já vinha numa crescente. Os parlamentares bolsonaristas elevaram ainda mais o tom de ameaças ao judiciário brasileiro.
Tentaram, mais uma vez, avançar com projetos na Câmara para anistiar golpistas, manobrar para permitir que Eduardo Bolsonaro continue exercendo a função de deputado à distância e iniciar um processo de impeachment de Alexandre Moraes. Tudo foi devidamente barrado por Motta e Alcolumbre. Ambos já declaram que as pautas golpistas serão engavetadas, pelo menos por ora.
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O deputado Coronel Chrisóstomo, do PL de Rondônia, vice-líder da oposição na Câmara, conclamou aos berros as Forças Armadas e a imprensa a agirem como em 1964. Sóstenes Cavalcante, líder do PL, chamou o ministro Alexandre de Moraes de “psicopata”. Eduardo Bolsonaro fez ameaças claras e diretas ao delegado da Polícia Federal, Fábio Shor, que investiga o seu pai, e o chamou de “cachorrinho da PF”.
Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, ambos descendentes de famílias que historicamente desprezam a democracia, seguem atuando como agitadores golpistas nos EUA. A dupla golpista está fazendo bastante barulho e, de fato, conseguiu influenciar Trump.
São dois apátridas criminosos que nutrem o mais profundo desprezo pelo Brasil, sua cultura e seu povo. O avô de Paulo Figueiredo, por exemplo, dizia que “a solução para as favelas é jogar uma bomba atômica”. Já declarou também ter nojo de “cheiro de preto”. Esse é o homem vangloriado por Jair Bolsonaro e que, até hoje, é motivo de inspiração para o seu neto.
Volta e meia, Paulo Figueiredo relembra algum ensinamento do canalha do seu avô, como fez nesta semana. É com esse tipo de brasileiro com o qual nós estamos lidando. Os dois nepo babies do apocalipse agora trabalham incansavelmente para boicotar qualquer tentativa de negociação entre o governo brasileiro e o americano.
Mas até onde vai a influência da dupla no governo dos EUA? Certamente não é maior que a do setor produtivo norte-americano que será prejudicado com o tarifaço contra o Brasil. Eles podem até continuar marcando alguns golzinhos — como marcaram com a revogação dos vistos dos juízes que desagradam os bolsonaristas —, mas é provável que a tensão pare de escalar em algum momento.
Trump já tem muitos problemas internos, inclusive é suspeito por ligação com um condenado por pedofilia, e a chance de ele rifar os nepo babies brasileiros não é desprezível. O termo TACO – Trump Always Chickens Out ou Trump Sempre Amarela – virou deboche entre os americanos. O presidente começa colocando o revólver em cima da mesa, mas quase sempre recua.
A aliança do bolsonarismo com Trump pode ser mais frágil do que se imagina. Vejamos até onde essa corda será esticada. Enquanto isso, seguimos aturando os ataques de pelanca de golpistas apátridas em desespero.
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