França vai reconhecer Estado palestino; EUA e Israel rejeitam a medida

Jul 25, 2025 - 06:52
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França vai reconhecer Estado palestino; EUA e Israel rejeitam a medida

A França reconhecerá oficialmente o Estado palestino durante a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em setembro de 2025, anunciou o presidente Emmanuel Macron (Renascimento, centro) na 5ª feira (24.jul.2025). A decisão provocou reações negativas de Israel e dos Estados Unidos.

Macron confirmou a intenção por meio de carta enviada ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e replicada em seu perfil no X. Eis a íntegra do documento, em francês (PDF – 160 kB).

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Fiel ao seu compromisso histórico com uma paz justa e duradoura no Oriente Médio, decidi que a França reconhecerá o Estado da Palestina”, afirmou o presidente francês. Ele disse que fará o “anúncio solene na Assembleia Geral das Nações Unidas” em setembro. Leia, ao fim deste texto, a tradução da íntegra da publicação no X de Macron.

Emmanuel Macron divulga carta enviada ao presidente da Autoridade Palestina

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu (Likud, direita), criticou a decisão. Segundo ele, tal medida “recompensa o terror e arrisca criar outro representante do Irã”.

Em publicação no X, Netanyahu escreveu: “Um Estado palestino nestas condições seria uma plataforma de lançamento para aniquilar Israel –não para viver em paz ao seu lado”.

Benjamin Netanyahu sobre decisão da França

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que o governo norte-americano “rejeita fortemente [o plano de Macron] de reconhecer um Estado palestino na assembleia geral da ONU”.  No X, ele afirmou: “Esta decisão imprudente apenas serve à propaganda do Hamas e atrasa a paz. É um tapa na cara das vítimas de 7 de outubro [de 2023, data em que o Hamas atacou Israel]”.

Marco Rubio sobre proposta francesa para Palestina

A iniciativa da França surge como parte dos esforços do país para manter viva a ideia de uma solução de 2 Estados. Autoridades francesas mencionadas pela agência Reuters consideravam esta medida há meses, inicialmente planejando anunciá-la antes de uma conferência que a França e a Arábia Saudita organizariam em junho para estabelecer parâmetros para um Estado palestino.

A conferência foi adiada por pressão dos EUA e depois do conflito entre Israel e Irã, que durou 12 dias. O fechamento do espaço aéreo regional dificultou a participação de representantes de países árabes. O evento foi reprogramado para 28 e 29 de julho de 2025, com formato ministerial.

Em junho de 2025, os EUA afirmaram, em comunicado diplomático, que se opõem ao reconhecimento unilateral de um Estado palestino. O documento indicou que tal medida poderia contrariar interesses da política externa norte-americana.

O presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano), expressou dúvidas sobre uma solução de 2 Estados. Em fevereiro de 2025, ele propôs que o país assumisse o controle de Gaza. A proposta foi condenada por grupos de direitos humanos, Estados árabes, palestinos e a ONU, que a classificaram como “limpeza étnica”.

Diplomatas indicaram à Reuters que Macron enfrentou resistência de aliados como a Grã-Bretanha e o Canadá sobre o reconhecimento palestino. Autoridades israelenses trabalharam por meses para impedir o anúncio.

Fontes próximas ao assunto, ouvidas pela agência de notícias, revelaram que Israel alertou a França sobre possíveis retaliações, desde redução no compartilhamento de inteligência até complicações nas iniciativas regionais francesas, incluindo sugestões veladas sobre anexação de partes da Cisjordânia.

O vice-presidente da Autoridade Palestina, Hussein Al Sheikh, agradeceu à França. Ele afirmou no X que a decisão de Macron refletia “o compromisso da França com o direito internacional e seu apoio aos direitos do povo palestino à autodeterminação e ao estabelecimento de nosso Estado independente”.

Hussein Al Sheikh agradece a Emmanuel Macron

Leia a tradução da mensagem de Emmanuel Macron no X:

Fiel ao seu compromisso histórico com uma paz justa e duradoura no Oriente Médio, decidi que a França reconhecerá o Estado da Palestina.

Farei esse anúncio solene na Assembleia Geral das Nações Unidas, no próximo mês de setembro.

A urgência hoje é que a guerra em Gaza cesse e que a população civil receba socorro.

A paz é possível.

É necessário, imediatamente, um cessar-fogo, a libertação de todos os reféns e uma ajuda humanitária massiva à população de Gaza. É preciso também garantir a desmilitarização do Hamas, assegurar e reconstruir Gaza. Por fim, é necessário construir o Estado da Palestina, garantir sua viabilidade e permitir que, ao aceitar sua desmilitarização e reconhecer plenamente Israel, ele contribua para a segurança de todos no Oriente Médio.

Não há alternativa.

Os franceses querem a paz no Oriente Médio. Cabe a nós, franceses, juntamente com israelenses, palestinos, nossos parceiros europeus e internacionais, demonstrar que isso é possível.

À luz dos compromissos que o presidente da Autoridade Palestina assumiu comigo, escrevi-lhe, portanto, para expressar minha determinação em avançar.

Confiança, clareza e compromisso.

Nós conquistaremos a paz.

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